Muitos fãs de heavy metal e hard rock, não morrem de amores por este gênero que tanto gosto. Entendo que em determinado momento houve exagero na maquiagem e no laquê, mas grande parte das bandas que lideraram e impulsionaram o movimento, sem sombra de dúvidas tinham dentre seus integrantes músicos de inegável categoria. Sim, estou me referindo ao metal farofa, glam metal (justa referência ao movimento dos anos 70, glam rock), hair metal ou como queiram chamar esta onda que durou aproximadamente 10 (dez) anos, surgida no início dos anos 80 em Sunset Trip – LA, atingindo seu auge entre 1983 e 1988. Consistia, basicamente, num heavy metal comercial com visual extravagante, onde podíamos destacar roupas coladas, maquiagem, laquê, etc.
Se pudéssemos descrever as origens do hair metal, diria que é uma mistura do glam rock, dos anos 70 – com forte influência de Slade, Sweet, T.Rex, Gary Glitter e o heavy metal\hard rock de bandas como Van Halen e Kiss.
Lembro que quando algumas bandas exageravam os mais radicais chamavam de posers – como já sugere, os caras tinham apenas pose de roqueiros e nada mais. Poison e os irmãos Nelson, são alguns exemplos do que podíamos encaixar neste quesito. Confesso que gosto de algumas coisas do Poison, mas temos que concordar que a turma mais parecia um bando de travestis cabeludos, cheios de batom, maquiagem e laquê, de fazer inveja a qualquer Drag Queen de respeito, do que uma banda de rock de responsa.
Mas haveremos de concordar que o movimento teve grandes bandas, a começar pelo Quiet Riot que inaugurou o gênero no inicio dos anos 80 e que chegou ao número um das paradas americanas, com o disco Metal Health graças aos hits, Cum feel the noise (maravilhosa versão do Slade) e a faixa titulo. O disco estourou nos EUA, chegando a vender mais de 6 milhões de cópias somente nos EUA e ultrapassar Thriller de Michael Jackson, o que catapultou não só a banda, mas, sobretudo, o próprio glam metal. Motley Crue (a maior de todas) merece todos os louros acerca do gênero, pois não há como pensar no movimento, sem mencioná-lo, assim como não podemos deixar de registrar algumas bandas que não podem faltar neste seleto hall, Def Leppard, Twisted Sister, Ratt, Bon Jovi, Dokken, Cinderella, Wasp, Europe, Great White, Icon, Keel, Helix, L.A Guns, Guns Roses, Warrant, Night Ranger e tantas outras.
O movimento foi tão forte e rentável, que arrastou diversas bandas dos anos 70, de olho no disputado mercado americano, para integrar este gênero tão legal. Kiss, Ozzy Osbourne, Whitesnake, Judas Priest, Alice Cooper, Saxon, Accept, Scorpions, só para ficar nas mais conhecidas, aderiram ao paetê, lantejoulas, cabelos laqueados e demais adereços condizentes com o movimento, e por evidente, suavizaram seu som de olho nos EUA.
O som de grande parte destas bandas era alegre e contagiante (mais anos 80, impossível). Sempre tinham um guitarrista virtuoso e pelo menos uma balada melosa em cada disco lançado. Considero a maior influência do gênero o Van Halen, principalmente o disco de estréia – Van Halen, e, sobretudo, seu inigualável guitarrista Eddie Van Halen, que inovou em técnicas e na velocidade de tocar e praticamente exigiu que qualquer banda do planeta que quisesse alcançar seu lugar ao sol, deveria ter um virtuoso no instrumento de seis cordas. Precisamos registrar o frontman, David Lee Roth, que com sua presença de palco e jeito de se vestir, gritinhos e pulos, influenciou meio mundo. Quem puder conferir o som dessa estupenda banda, vale muito a pena. Em minha opinião, um dos melhores discos de estréia de todos os tempos.
Só pra citar algumas musicas maravilhosas, Runin with the devil, Aint Talkin bout Love, Jamie’s Cryin’ e a fabulosa versão dos Kinks – You Really Got Me. Veja o exemplo do Kiss, que mandou pastar Ace Frehley e trouxe o competentíssimo Vinnie Vicent, ou o Whitesnake que integrou John Sykes e posteriormente nada mais nada menos que Steve Vai, ao seu time. O Whitesnake merece destaque no quesito da influência do glam metal não somente no som, mas principalmente no visual, basta verificarmos a banda nos anos 70, cujos integrantes pareciam uns senhores de sessenta anos (nada contra) com a dos meados dos anos 80, que trazia bastante colorido, cabelos poodle, aliados a um som mais comercial.
Não por acaso foi à época de maior sucesso e vendagem de discos da profícua carreira de David Coverdale e trupe. Como tudo que e bom dura pouco... Vieram os anos 90 e o sonho acabou... Penso eu, devido aos exageros do gênero que terminaram por contaminar e saturar o estilo. Como não há vácuo no mundo do show business, surge o maldito Grunge e enterra (pelo menos nos anos 90) o mais colorido, alegre e contagiante movimento de rock surgido em todos os tempos, dando lugar a esse sombrio, soturno e deprimente estilo de Seattle, apesar de pesado. Segue uma lista de dez discos, meramente indicativa pra quem não conhece o metal farofa, mas gostaria de ter uma noção do que foi o estilo.
Resguardo-me de listar alguns de maior relevância comercial, mas não necessariamente os melhores e outros do meu gosto pessoal. A ordem é meramente aleatória.
1 – Metal Health – Quiet Riot
2 – Shout At The Devil – Motley Crue
3 – Out Of The Celar – Ratt
4 – Stay Hungry – Twisted Sister
5 – WASP – WASP
6 – Slippery When Wet – Bon Jovi
7 – Night Songs – Cinderella
8 – Look What The Cat Dragged In – Poison
9 – Apetite for Destruction – Guns n Roses
10 – Cherry Pie – Warrant
Menções honrosas
1 – The Final Countdown – Europe
2 – Under Lock and Key - Dokken
Espero que tenha contribuído e sei que deixei diversas bandas de fora, principalmente as dos anos 70 que aderiram ao glam, mas qual seria a graça de fazer uma lista sem ser polêmica. E fica a dica cinematográfica, The Dirty, biografia do Motley Crue, com diversas passagens lendárias, como aquela em que dividiram a turnê com Ozzy Osbourne, onde o príncipe das trevas “cheirou” uma carreira de formiga e depois lambeu a própria urina e a do Nikki Sixx, baixista do Motley.
GODOY GLAM